quarta-feira, 3 de abril de 2019

Poesias à solta


Ainda a propósito da atividade "Vem Ler Para Mim", no dia 27 de março, os alunos da turma do 5ºA  foram presenteados com  declamação de poemas. O responsável pelo agradável momento de poesia foi o pai da Inês que a todos encantou com os seus poemas. 

Todos, "graúdos e pequenos", gostámos imenso dos seus poemas e aguardamos nova visita para mais momentos de partilha.






Divulgamos aqui alguns dos poemas da autoria do pai da Inês:
De cor escura, e pele queimada,
pisando em terra lavrada,
a passo enterrava a vida,
essa vida abençoada.

Assim era antigamente,
em tempos que já lá vão,
rasgava-se a terra à Besta,
e semeava-se o trigo à mão.

O sol abrasava os corpos,
dos homens nos seus labores,
entoando lindas modas,
cantadas aos seus Amores.

Esqueciam sua tristeza,
e esse fado que era a vida,
trabalho de sol a sol,
em troca de meia espiga.

Com parcos  recursos, poucos,
estava a terra semeada,
e era só colher o trigo,
voltava a ficar lavrada.

 Agora não se vê disso,
não se vê mar de trigais,
os campos não estão doirados,
só se avistam olivais.

Já se emprega pouca gente,
máquinas, cada vez mais,
e o trigo que se produz,
já não dá pra três pardais.

E a terra do Alentejo,
do trigo de antigamente,
é um enorme pousio,
já não produz pão pra gente.

                                José Dimas
                      2011



Saluquia, Princesa formosa,
das terras de Al-Manijah,
cheirava a pétalas de rosa,
e o seu Deus era o Allah.

Esperava o apaixonado,
na torre do seu castelo,
era Brafma, o afortunado,
um Príncipe muito belo,

que vinha de terras distantes,
pra com ela se casar,
não contando que nos montes,
os Cristãos ia encontrar.

Grande luta se travou,
entre os Cristãos e a Mourama,
e ali Brafma se prostrou
ali se apagou a chama.

Ali se apagou a chama, 
que no seu peito trazia,
viera cair na trama,
e no barro; frio; jazia.

Com roupas mouras trajadas,
as tropas cristãs entraram,
pelas portas escancaradas,
do castelo que atacaram.

Saluquia na sua torre,
tarde demais descobrira,
que não era o seu Amor,
que era tudo uma mentira.

Não vendo melhor solução,
com o castelo conquistado,
fechou as chaves na mão,
e foi ter com seu Amado.

Saltou de janela aberta,
Linda, pura, santa, e casta,
nos braços da morte certa,
que a vida lhe foi madrasta.

Ainda em noites de luar,
sempre que é Lua Cheia,
ouve-se Salúquia a chorar,
lá no cimo da ameia.

Chora pelo seu Amado,
que ainda espera ver chegar,
num lindo cavalo montado,
pra com ela se casar.

                       José Dimas
                                                                                                       2011



Minha querida princesinha,
escrevo uma história pra ti,
que fala de outra princesa,
que tinha sonhos sem fim.

Sonhava que era corcel,
entre flores a cavalgar,
sonhava que era um barquinho,
nas ondas a navegar.

Sonhava que era uma abelha
e que de flor em flor voava,
sonhava que era uma fada,
e nos sonhos se encantava.

E sonhar era tão simples
para ela, que até se ria,
bastava fechar os olhos,
e um lindo sonho surgia.

Mas o rei que era cruel,
e nem sonhos sonhar sabia,
não queria que ela sonhasse,
nem enquanto ela dormia.

Mas os sonhos que são nossos,
e que têm muita magia,
ninguém nos pode tirar,
dai a nossa alegria.

E a princesa assim pensou
e ainda sonhava mais,
também sonhava acordada,
sonhava sonhos Reais.

E sonhava sonhos lindos,
com muita satisfação,
sonhava a todo o momento,
em Amor e Gratidão.

Viveu feliz e pra sempre,
na terra do faz de conta,
com a Alma sempre pura,
e um brilho que nos encanta,

Ah! E o seu pai que não sabia,
mas que um belo dia aprendeu,
sonhou um sonho dos lindos,
que nunca mais se esqueceu,

E foi válida a lição,
pró rei que sonhar já sabia,
pois via a filha feliz,
e agora compreendia.

Que nada somos sem sonhos,
e que o sonho é que nos guia,
pelos meandros da vida,
com muito Amor e Alegria.

Sonha! Sonha minha filha,
sonha sonhos de encantar,
 e embora a vida endureça,
nunca deixes de sonhar.

                                                                                                                          José Dimas
                                                                                                                          2011



Muito obrigada pelo momento que proporcionou aos alunos e professoras presentes.

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